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A Tragédia Gloriosa do Barradão e a Redenção Rubro-Negra

O Vitória é para quem Acredita!

Vitória ganha do São Paulo e escapa do rebaixamento


O Barradão, meus amigos, amanheceu como um templo antigo — desses que guardam tragédias, milagres e a respiração úmida da fé. E ali, diante de um Vitória exaurido pela temporada, Jair Ventura comandou o que só posso chamar de “a epopeia rubro-negra”. Pois o resultado da última rodada não foi apenas uma vitória: foi um ato de salvação, uma dessas viradas do destino que só o futebol permite — e que só a torcida do Leão é capaz de inspirar.

O Vitória encerrou o campeonato com uma arrancada tão improvável que pareceria mentira se não estivesse escrita no suor dos jogadores. Em 14 jogos sob o comando de Jair Ventura, foram sete vitórias, cinco derrotas e dois empates — um aproveitamento de 54,7%. Mas os números são tímidos diante da realidade: o Leão ressuscitou.

Intensidade foi o segredo

Jair Ventura sabia que evitar o rebaixamento significava transformar o Barradão em um caldeirão bíblico. E sabia também que o ataque, limitado e dependente de bolas paradas, precisava renascer. Pois renasceu. Não foi um jogo de técnica, mas de alma, de intensidade, de um time que decidiu morder o destino pelos calcanhares.

O São Paulo, com pouco pelo que brigar, entrou em campo como quem cumpre tabela. O Vitória, ao contrário, entrou como quem defende o próprio sangue. Menos posse? Sim. Muito menos. Mas infinitamente mais perigo. Sufocou o adversário, roubou bolas no meio, no ataque, na alma do jogo.


“Era o Barradão gritando. Era a torcida empurrando a bola com a força de milhares de corações aflitos.”

E mesmo assim, o gol teimou em não sair. Rafael, o goleiro tricolor, fez defesas que só podem ser descritas como covardes com o torcedor rubro-negro. Mas eis que aos 22 do segundo tempo, Gabriel Baralhas — esse herói improvável — surgiu como uma epifania. O pivô perfeito de Fabri, a finalização certeira, o grito preso explodindo no estádio.

As mudanças de Jair Ventura, ousadas e perigosas, abriram o time como se ele estivesse disposto a apostar a própria vida. E era isso mesmo. Erick virou ala, Matheuzinho entrou faminto, Dudu substituiu Camutanga como quem toma o último trem da noite. E o Vitória, mesmo mais exposto, tornou-se um predador.

O segundo gol quase veio com Renzo López, que perdeu chance clara — mas não importa. Ali, o Leão já rugia alto demais para ser contido.

O mérito mental

Nem só de tática viveu o Vitória. Viveu de cabeça. Jogou uma decisão sem se perder em reclamações, sem entrar na paranoia da arbitragem. Jogou como um time que sabia que tudo dependia apenas de si.

Saldo final

No apito final, o Barradão virou um abraço coletivo. Um torcedor invadiu o campo e abraçou Jair Ventura como quem abraça um profeta. E quem ousaria condená-lo?

Desde 2022, são dois acessos e duas permanências na Série A. Quatro anos seguidos de festa — e de sofrimento. O Vitória tem sido uma novela, dessas que o poeta louco escreveria sem mudar uma vírgula.

Em 2026, com investimentos garantidos pela Série A e um calendário que finalmente sorri, o clube terá a chance de se organizar como merece. Será o único representante da elite na Copa do Nordeste. Será gigante.

E antes de tudo isso, terá de escolher seu presidente. Mas isso já é outra peça desse teatro inesgotável chamado Vitória.

“O Barradão vive. O Vitória vive. E o futebol, esse velho canalha, mais uma vez nos provou que é feito de lágrimas, fé e ressurreição.”

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