Vitória alcançou recorde de jogadores estrangeiros em 2025
Em um ano de sobrevivência, o Rubro-Negro apostou em sotaques diversos, buscou salvação fora do país e descobriu que o futebol, como o destino, não respeita passaporte.
Fonte: Vitória em Destaque — Salvador, 2025
O Vitória de 2025 foi um clube em estado de confissão permanente. Confessava seus erros, suas urgências e, sobretudo, sua fé no improvável. Nunca o Barradão ouviu tantos idiomas diferentes em um mesmo vestiário. Seis estrangeiros vestiram o rubro-negro — um recorde — como se cada nacionalidade carregasse, no bolso, uma promessa de redenção.
Dois deles, é verdade, honraram o figurino. Cáceres, o paraguaio, jogava como quem conhece o sofrimento latino-americano. Foram 40 jogos, 37 como titular, presença constante no onze ideal. Saiu sem renovar, como um personagem trágico: cumpriu seu papel e desapareceu no último ato.
Aitor, o espanhol, foi outro capítulo digno. Chegou com o ar europeu de quem promete método, mas acabou entregando emoção. No segundo turno da Série A, quando o Vitória flertava perigosamente com o abismo, marcou três gols, distribuiu três assistências e ajudou a empurrar o clube para fora da beira do precipício. Tem contrato até 2027 e, no elenco, é visto como investimento e esperança — duas palavras raras no futebol brasileiro.
Renzo López, argentino, foi o eterno segundo plano. Jogou 23 vezes, somou 638 minutos, marcou um gol e, em certos domingos, venceu a disputa com Renato Kayzer. Não foi protagonista, mas também não foi figurante. No Vitória de 2025, isso já era muito.
Os outros estrangeiros viveram o lado mais cruel da narrativa. Rúben Ismael entrou por 17 minutos e saiu para uma longa temporada de hospitais e fisioterapia. Rúben Rodrigues e Kike Saverio quase não tocaram na bola. Somaram, juntos, 71 minutos — uma estatística que, sozinha, já explica a dureza do futebol profissional.
Ainda assim, Fábio Mota não viu erro na aposta. Para ele, o problema não foi a origem, mas o acaso: lesões, adaptação, tempo. O dirigente fala como quem defende uma tese moral: o fracasso não invalida a tentativa.
Em 2026, o Campeonato Baiano surge como tribunal. Um time alternativo, recheado de jovens e esquecidos, pode servir de última chance para quem veio de longe e quase não deixou pegadas. A reapresentação será em 26 de dezembro. O torneio começa em janeiro. O julgamento, como sempre, será imediato.
O Vitória aprendeu, em 2025, que estrangeiros não são atalhos nem pecados. São apostas. Algumas dão certo. Outras viram nota de rodapé. No fim, o futebol continua sendo esse drama tropical onde até o sotaque, se não ganhar jogo, acaba esquecido no eco do Barradão.
Dados estatísticos: Vitória em Destaque. Temporada 2025 — Esporte Clube Vitória.


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