Veja também o resultado para os Conselhos Fiscal e Deliberativo do Rubro-Negro
O Barradão não foi apenas um colégio eleitoral naquele sábado histórico. Foi um confessionário coletivo. Ali, sob o concreto quente da arquibancada e a memória recente do sofrimento, o torcedor do Vitória absolveu, consagrou e reconduziu Fábio Mota à presidência do clube com números que dispensam adjetivos: 85,95% dos votos.
Fábio Mota foi reeleito presidente do Vitória para mais três anos de mandato, entre 2026 e 2028, em pleito realizado no Barradão. Representante da chapa Leão Colossal, ele seguirá no comando do clube ao lado do vice Djalma Abreu, dando continuidade a uma gestão iniciada ainda em outubro de 2021, quando assumiu o cargo em meio ao caos institucional.
A eleição registrou 5.147 votos válidos. Destes, 85,95% confirmaram Fábio Mota no poder. O adversário, Marcone Amaral, da chapa Aliança Vitória SAF, ficou com 14,05%. Não houve suspense, prorrogação nem VAR. O veredito foi imediato e esmagador.
“Esse resultado é a maior vitória da história do Vitória. Nos dá mais força e motivação para continuar no caminho. A verdade prevaleceu”, disse Mota, com a serenidade de quem sobreviveu à tormenta.
E aqui cabe a crônica, porque o futebol brasileiro não se explica por planilhas. Fábio Mota não venceu apenas uma eleição. Venceu o passado recente de ruínas, a herança maldita, os fantasmas administrativos e o eterno complexo de inferioridade que persegue clubes que caem — e, às vezes, não levantam.
O Vitória não reelegia um presidente desde Alexi Portela, em 2010. Mota foi eleito pela primeira vez em setembro de 2022, mas já governava desde outubro de 2021, quando assumiu interinamente após o afastamento de Paulo Carneiro. Em maio de 2022, foi efetivado de vez. Desde então, viveu sob julgamento permanente.
Advogado, historiador e pecuarista, com pós-graduação em processo civil, Fábio Mota trouxe ao clube um perfil raro no futebol brasileiro: o do gestor que prefere a paciência ao espetáculo, o bastidor ao palanque.
Dentro de campo, os números falam com crueldade e justiça. Foram dois acessos e duas campanhas de manutenção na Série A nos últimos quatro anos. Vieram ainda o título da Série B de 2023 e o Campeonato Baiano de 2024 — troféus que, no Vitória, valem como atos de resistência.
Enquanto Mota comemorava, Marcone Amaral adotou o tom conciliador: “Me coloco à disposição para ajudar o clube no que for preciso”. Uma frase elegante, quase heróica, porque no futebol a derrota também exige postura.
Conselho Fiscal
Aliado de Fábio Mota, Raimundo Viana foi reeleito presidente do Conselho Fiscal com 78,8% dos votos. Sua chapa garantiu sete cadeiras, contra duas da oposição.
Conselho Deliberativo
No Conselho Deliberativo, Nilton Almeida também confirmou a força da situação. Reeleito com 79,49% dos votos, comandará um colegiado onde a chapa Leão Colossal emplacou 119 conselheiros, contra 31 da Aliança Vitória SAF.
O recado do sócio-torcedor foi claro, quase brutal: o Vitória quer estabilidade, continuidade e memória. No futebol, onde a amnésia costuma mandar, isso não é pouco. É um gesto de maturidade — e, para os pessimistas, um pequeno milagre.




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