Há domingos em que o futebol deixa de ser esporte e se converte, diante de nossos olhos, em um drama humano de proporções bíblicas. No Barradão, nesta 38ª e derradeira rodada do Brasileirão, o Vitória joga não apenas sua permanência — joga sua alma, sua história, sua própria dignidade diante do inevitável.
Às 16h, com o sol de Salvador pregando peças cruéis em quem ousa esperar milagres, o Vitória recebe o São Paulo. O estádio será altar, palco e tribunal. Vencer pode significar a redenção; tropeçar, a queda para o purgatório da Série B. Mas, como diria o poeta louco, “toda unanimidade é burra” — e no futebol, o improvável sempre ri por último.
O Leão depende de si e de outros. Precisa ganhar e ver Ceará, Fortaleza ou Santos tropeçarem. É uma equação quase teológica, onde fé e matemática caminham de mãos dadas, cambaleando.
Do outro lado, o São Paulo chega com seu orgulho reconquistado. Depois de levar uma surra de 6 a 0 do Fluminense, ressurgiu com um 3 a 0 sobre o Internacional. Quer apenas um ponto para ficar em oitavo — e esperar que a Copa do Brasil lhe abra as portas de uma Libertadores que parece zombar do clube há anos.
Onde assistir
Transmissão: Premiere para todo o Brasil.
Tempo real: Cobertura completa no ge, com vídeos e análises.
Escalações prováveis
Vitória — Técnico: Jair Ventura
Jair Ventura chega ao jogo como um general romano prestes a entrar na arena: sem suspensos, com dúvidas, com dores e com decisões morais. Lucas Halter, herói e dúvida, será testado antes do duelo. Se cair, Neris assume a espada. Já Dudu, um gladiador de lombar instável, quer jogar mesmo que o corpo proteste.
E há o drama de Erick — jogador do São Paulo, mas que será escalado mediante pagamento de multa. Eis o típico ingrediente literário: enfrentar o próprio sangue, vestir a camisa do adversário, ser traidor ou salvador, tudo no mesmo minuto.
Provável time: Thiago Couto; Neris (ou Lucas Halter), Camutanga e Zé Marcos; Cáceres, Baralhas, Willian Oliveira e Ramon; Erick, Aitor Cantalapiedra e Renato Kayzer.
Desfalques: Edu, Alexandre Fintelman, Lucas Arcanjo, Jamerson e Rúben Ismael.
São Paulo — Técnico: Hernán Crespo
O São Paulo viaja ao Barradão carregando mais ausências do que esperanças. Uma lista de desfalques que parece escrita por um autor de tragédias. Mas, para Crespo, resta Luciano — liberado para jogar — e com ele a possibilidade de rasgar o destino dos mandantes.
Provável time: Rafael; Rafael Tolói, Arboleda e Sabino; Maik, Luiz Gustavo, Alisson (ou Pablo Maia), Marcos Antônio e Ferreira; Luciano e Tapia.
Desfalques: Uma procissão interminável: Oscar, Lucas, Enzo Díaz, Rodriguinho, Luan, Wendell, Dinenno, Calleri, Ryan Francisco, André Silva, Alan Franco, Bobadilla.
Arbitragem
Wilton Pereira Sampaio comandará o espetáculo, acompanhado por Bruno Raphael Pires e Leone Carvalho Rocha. No VAR, Rafael Traci observa tudo — esse olho eletrificado que, para o poeta louco, seria pior do que um fiscal de repartição pública.

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