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Torcedores do Vitória escolhem presidente neste sábado

Eleição rubro-negra
Eleições presidenciais no Vitória

Entre a memória do sofrimento e a esperança de continuidade, o torcedor do Vitória transforma o Barradão em urna e consciência.

O futebol brasileiro adora fingir que vive apenas de gols, mas há dias em que o drama se escreve fora das quatro linhas. Neste sábado, no Barradão, o Vitória não disputa pontos, não enfrenta adversários de uniforme distinto. Enfrenta a si mesmo.

Das 9h às 19h, o estádio Manoel Barradas deixa de ser apenas palco de gritos e se converte em tribunal popular. Ali, 19.008 sócios aptos a votar decidem quem comandará o Rubro-Negro no triênio de 2026 a 2028.

O voto como extensão da arquibancada

O torcedor do Vitória não é um ser neutro. Ele carrega cicatrizes, acessos improváveis, rebaixamentos traumáticos e permanências heroicas. Cada voto depositado carrega um passado inteiro de domingos sofridos e noites gloriosas.

A votação acontece no estacionamento premium, no portão 18, com 15 urnas eletrônicas. Documento em mãos, identidade confirmada, o rubro-negro atravessa o portão como quem entra em campo para decidir uma final invisível.

Duas chapas, duas narrativas

De um lado está a chapa Leão Colossal, liderada pelo atual presidente Fábio Mota, ao lado de Djalma Abreu. A promessa implícita é a da continuidade: errar menos, corrigir mais rápido, manter o Vitória respirando na elite.

Para os conselhos, Nilton Almeida, Nilton Sampaio Filho, Raimundo Viana e Bruno Torres compõem o mesmo enredo: gestão como resistência, estabilidade como virtude.

Do outro lado surge a Aliança Vitória SAF, uma frente de oposição que reúne antigos descontentes, novos projetos e o discurso da ruptura. Marcone Amaral, com Kito Magalhães, encarna o desejo de virar a página, de reescrever o clube em outra caligrafia.

Completam a chapa nomes como Vagner Reis, Ícaro Argolo, Valmar Sant’anna e Domingos Arjones, oferecendo ao eleitorado a tentação do recomeço absoluto.

O Barradão como personagem

Não é coincidência que a eleição aconteça ali. O Barradão observa. Já viu o Vitória cair e levantar, já testemunhou técnicos abraçados pela torcida, já sentiu a arquibancada tremer como se fosse um organismo vivo.

Jair Ventura, o treinador que conduziu a arrancada mais recente, é prova de que o clube ainda sabe reagir quando acuado. E a torcida, sempre ela, permanece como fiadora moral de qualquer gestão.

Ao final da apuração, o novo presidente tomará posse imediatamente. Mas a verdadeira posse não vem do cargo. Vem da arquibancada, do respeito conquistado, da capacidade de entender que, no Vitória, governar é sobreviver com dignidade.

Neste sábado, o Vitória vota. E, como sempre, vota com o coração em carne viva.

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