Jair Ventura exalta o renascimento do Vitória e admite futuro: “O presidente quer contar comigo em 2026”
Após vitória monumental em Recife, o Leão da Barra dorme fora do Z-4 e reacende a própria esperança.
Algumas noites o futebol deixa de ser esporte e se transforma em religião. A Ilha do Retiro, com seus ventos melancólicos e sua sombra de tragédia, foi o palco onde o Vitória arrancou do destino uma vitória de três punhais: 3 a 1 sobre o Sport, pela 35ª rodada do Campeonato Brasileiro. Uma vitória que não apenas valeu pontos — valeu uma respiração, um fio de vida, um capítulo novo.
A vitória veio com os golpes certeiros de Luan Cândido (contra), Aitor Cantalapiedra e Renato Kayzer. Pablo, num lampejo tardio, descontou para o Sport. Mas o drama já estava escrito.
Nas arquibancadas, a torcida rubro-negra baiana cantava como quem tenta acordar o próprio destino. E acordou.
Jair Ventura começou a coletiva com a voz embargada, como quem ainda sente o eco do que ouviu na Ilha:
“Quero parabenizar nossa torcida. Eles nos levaram até o avião, arrepiaram todo mundo. Lotaram nossa parte do estádio, cantaram até o fim. É uma torcida apaixonada.”
Em o poeta louco, diríamos: a torcida do Vitória não apoiou — ela salvou. E salvou no momento mais crítico.
A entrada de Renato Kayzer foi o sopro que virou ventania. Jair explicou como quem descreve uma peça de xadrez:
“O Kayzer nos ofereceu uma característica diferente. E na primeira bola já gera uma situação de gol.”
COLETIVA DE IMPRENSA COM JAIR VENTURA
Kayzer, que vinha de um jejum de cinco jogos, marcou e desabou em emoção. Era como se a vida devolvesse o que lhe tirou.
O Vitória não perde há quatro jogos. E isso, para Jair, não é milagre — é obra humana.
“A reação não é sobre nós. É sobre os atletas. O time hoje está organizado, competitivo. Estou muito satisfeito.”
Em futebol, organização é mais rara que talento. E o Vitória, hoje, tem ambos.
Agora, o Leão terá uma semana inteira para preparar sua próxima batalha, no Barradão, contra o Mirassol. Uma semana que vale um século.
Quando perguntado sobre voltar ao Sport, Jair Ventura sorriu como quem já conhece o teatro e os seus bastidores:
“Nunca falei sobre negociação. Mas meu presidente disse que quer contar comigo em 2026. Eu estou muito feliz aqui.”
É a resposta clássica do treinador experiente: fala sem dizer — e diz sem falar.
Renzo López x Kayzer
A mudança foi estratégica: “Sabíamos que o Sport iria se jogar. Falei para o Kayzer atacar o espaço. Saiu o gol na primeira bola.”
Segredo do sucesso
“Uma coisa eu garanto: equipes organizadas e competitivas. Sem isso você não vence o Santos na Vila ou empata com o Palmeiras no Allianz.”
Próximos jogos
“Trabalho jogo a jogo. Nunca fiz projeções. Depois de meia-noite penso no próximo adversário.”
Saída do Goiás
“Foi a primeira vez que saí no meio de um contrato. Era momento delicado. Mas a reação do Vitória é dos atletas. Hoje o time é competitivo.”
Renovação
“Meu presidente quer contar comigo em 2026. Fui feliz no Sport, mas estou extremamente feliz aqui.”
A noite em que o Vitória virou a página
Na Ilha do Retiro, o Sport afundou na própria melancolia. E o Vitória, renascido como personagem de tragédia clássica, caminhou de volta ao topo da montanha.
Não foi apenas uma vitória. Foi um ato de sobrevivência.
Avante, Leão da Barra. O destino ainda não escreveu sua última palavra.


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