Alguns jogos que nascem com alma. Outros, com vocação para o desastre. E há aqueles — raríssimos — que parecem ter sido concebidos para a eternidade, como se cada chute fosse uma punhalada no próprio coração do futebol brasileiro. Assim é Bragantino x Vitória, encontro previsto para esta quarta-feira, mas que já pulsa com o estrondo de um clássico inevitável.
Às 19h, no venerável Estádio Cícero de Souza Marques — templo de glórias e penitências — Bragantino e Vitória medirão forças pela 34ª rodada atrasada do Brasileirão. E, como sempre acontece nesses dramas nacionais, ninguém está imune ao destino.
O Bragantino chega ferido, cambaleante, depois de duas derrotas que fariam até o mais otimista torcedor ajoelhar-se em silêncio. Com seus 45 pontos e a 12ª posição, o Massa Bruta joga não apenas pela matemática — joga pela honra.
Do outro lado surge o Vitória, este personagem trágico e glorioso, que renasce justamente quando todos lhe apagavam as luzes. Cinco jogos sem perder. Três batalhas sem cair. Um rubro-negro que, como nas grandes peças, retorna à cena quando o público já esperava o pior.
Com 42 pontos e a alma em brasas, o Vitória carrega consigo a possibilidade, ainda que remota, de confirmar a permanência na elite caso o destino lhe sorria e as combinações de resultados se alinhem — algo sempre imprevisível, sempre cruel, como os caprichos de uma tragédia grega.
Árbitro: Wagner do Nascimento Magalhães-RJ
Assistente 1: Thiago Henrique Neto Corrêa Farinha-RJ
Assistente 2: Alex dos Santos-SC
Quarto Árbitro: Gustavo Ervino Bauermann-SC
VAR: Marco Aurélio Augusto Fazekas Ferreira-MG
São eles — esses juízes, esses homens solenes da lei — que terão nas mãos o fio tênue entre glória e ruína. E como sempre dizia o grande Nelson Rodrigues: “A arbitragem é a entidade mística do futebol — ela decide, por bem ou por mal, o destino de 22 almas.”
Bragantino: Cleiton; Andres Hurtado, Gustavo Marques, Alix Vinícius, Juninho Capixaba; Gabriel, Gustavo Neves, Jhon Jhon; Lucas Barbosa, Isidro Pitta, Eduardo Sasha.
Vitória: Thiago Couto; Lucas Halter, Camutanga, Zé Marcos; Raúl Cáceres, Willian Oliveira, Baralhas, Ramon; Erick, Aitor, Renato Kayzer.
Em campo, onze de cada lado — mas na alma, milhões. Cada passe será uma confissão. Cada carrinho, uma blasfêmia. Cada gol, um delírio coletivo.
O futebol, esse espetáculo moral e amoral, vive de noites como esta. Se houver lágrimas — e haverá — serão lágrimas de quem sabe que testemunhou algo maior que o jogo. Algo inevitável. Algo escrito no mármore da eternidade.

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