O preço é R$ 120 — um valor simbólico diante da fé rubro-negra, que paga com a convicção de quem acredita que um QR Code possa, por milagre, virar salvação. O Vitória orienta seus adeptos a verificarem o comprovante com rigor: um erro ali e o torcedor fica do lado de fora, como um personagem expulso do próprio destino.
O Vitória ocupa a 17ª posição, com 35 pontos, e precisa desesperadamente de três — qualquer três, mas sobretudo esses três — para deixar o Z-4. A situação é tão dramática que parece saída de uma peça literária: o clube precisa vencer o Palmeiras e torcer por um tropeço do Santos contra o Mirassol. É a matemática do desespero, simples como um tapa e dolorosa como uma verdade de mãe.
Do outro lado, o Palmeiras, com 68 pontos, sente no cangote o hálito do líder Flamengo, que tem 71. Depois de perder para o Peixe, o Verdão joga com a fúria dos que não admitem segundo lugar nem no elevador.
E assim, entre cálculos, probabilidades e angústias, monta-se o palco dessa tragédia futebolística. Para o Vitória, o Allianz deixa de ser estádio e vira tribunal. Ali não se joga apenas futebol — ali se joga a própria permanência na elite.
O rubro-negro que comprar seu ingresso sabe disso. Sabe que não vai a um jogo:
vai a um rito, a um tormento, a uma possível ressurreição.
Como diria o poeta louco:
“No futebol, como na vida, cada ingresso é uma sentença — ora de morte, ora de glória.”
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