Vitória e a via-crúcis de Jair Ventura: o técnico que perdeu a zaga, mas não a fé

Com três desfalques na defesa, o treinador pode abrir mão do esquema pela primeira vez — e, no Barradão, o drama é o 12º jogador

Salvador, 08 de novembro de 2025 — No Barradão, até as traves andam desconfiadas do destino. O Vitória chega ao domingo como quem caminha num campo minado: sem Camutanga, sem Edu, sem Lucas Halter — e talvez, sem sono. Jair Ventura, o comandante de expressão firme e destino trágico, vê-se diante do que o poeta louco chamaria de “drama de vestuário”: um elenco que veste as feridas como escudo e a fé como tática.

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O futebol tem dessas ironias: quando o time mais precisa da muralha, as paredes desabam. Contra o Botafogo, Jair Ventura vai encarar o ex-clube sem os três zagueiros titulares que resistiram à batalha contra o Internacional.

Camutanga cumpre suspensão, Edu repousa com o fantasma da concussão, e Lucas Halter — ah, Halter! — assiste de longe, prisioneiro do contrato com o clube carioca. O torcedor rubro-negro já pode ouvir o coro do destino gargalhando. 🧱

Sem o trio, restam Neris e Zé Marcos — os dois últimos sentinelas da trincheira. Se quiser manter o sagrado esquema com três zagueiros, Jair terá de apelar para os meninos da base — Kauan, Jadson e Andrei, jovens de rosto imberbe e olhar de quem ainda acredita que o futebol é poesia.

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Há quem murmure nos corredores do Barradão: “Pague a multa, mister!” — um milhão de reais para liberar Halter contra o Botafogo. Mas o cofre rubro-negro, coitado, anda mais vazio que a arquibancada em dia de chuva. 💸

⚙️ MUDAR OU MORRER

A tática virou dilema. Ventura pode abandonar o esquema que virou seu altar e sacrificar um zagueiro para ganhar um meia. Contra o Inter, ele já havia testado o pecado tático — trocou um defensor por Dudu e empurrou o meio-campo para frente, numa heresia que rendeu o gol da salvação.

Mas o destino cobra caro dos ousados: agora, Dudu e Baralhas estão suspensos. Ronald, que já foi volante e sombra, deverá voltar como esperança. Ricardo Ryller e Pepê aguardam o aceno do acaso.

No elenco, há mais feridos que soldados:

🩹 Edu (concussão),

🩹 Fintelman (quadril),

🩹 Arcanjo (joelho),

🩹 Cáceres (coxa),

🩹 Claudinho (joelho),

🩹 Jamerson (tornozelo),

🩹 Rúben Ismael (ligamento),

🩹 Fabri (posterior da coxa).

O departamento médico virou enfermaria de guerra: “O futebol é uma comédia divina, onde os homens tropeçam no próprio fado.”

Ainda assim, Jair Ventura tem na manga dois retornos: Zé Marcos e Ramon, ambos poupados na vitória sobre o Internacional. O técnico, com seu olhar de quem já viu o apocalipse, sabe que no Vitória cada domingo é um renascimento.

O Barradão, templo de emoção e superstição, abrirá as portas às 16h deste domingo. O adversário? O Botafogo — o clube que agora é pai e algoz, dono do passe do zagueiro que o Vitória mais queria em campo.

Se vencer, Jair Ventura transformará desfalque em epopeia. Se perder, será apenas mais um personagem na tragicomédia rubro-negra — esse espetáculo onde o futebol é rezado de pé e chorado de joelhos.

✍️ O Vitória é hoje uma peça teatral: absurda, passional e bela no seu desespero. Falta elenco, sobram ferimentos — mas o coração do Leão ainda pulsa, teimoso, como quem insiste em sonhar com o impossível.

Porque, no fim das contas, o futebol — e o Vitória — são feitos disso: tragédia, esperança e um lampejo de milagre no último minuto. 🦁❤️🖤