O DESTINO SOPRA CONTRA O VITÓRIA, E ARCANJO CAI COMO UM HERÓI TRÁGICO NO BARRADÃO

No dia em que faz história, o goleiro se despede com dor e abre espaço para um novo guardião rubro-negro

Salvador, 28 de outubro de 2025 — No Barradão, o sábado foi um dia de infortúnios. Lucas Arcanjo — o mesmo que tantas vezes salvou o Vitória com voos de anjo e mãos de gato — caiu. Caiu no instante exato em que a glória lhe sorria. E, como toda glória rubro-negra, veio misturada à dor, ao suor e àquela melancolia que só o torcedor do Leão conhece.

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⚽ O goleiro completava 51 partidas na temporada, um recorde pessoal, um feito digno dos grandes. Mas o destino, esse cronista perverso, decidiu que o dia da consagração seria também o da queda. Aos 30 minutos do primeiro tempo, sentiu o joelho, olhou para o banco e, num gesto quase litúrgico, entregou as luvas ao substituto. Saiu mancando — mas com a dignidade dos que sofrem por amor à camisa.

📉 O Vitória perdeu por 1 a 0 para o Corinthians, e Arcanjo, pendurado, tratou de “limpar” os cartões, sabendo que a ausência seria inevitável. O homem é esperto, mas o corpo, esse velho traidor, já lhe cobrava caro. Com o amarelo e a lesão, está fora da próxima rodada, quando o Leão encara o Cruzeiro, no Mineirão, no primeiro de novembro.

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🧤 Thiago Couto, o novo guardião, herdará o altar debaixo das traves. Emprestado pelo Sport, fez sua estreia justamente naquele sábado fatídico, substituindo o companheiro ferido. E, num lampejo, mostrou a que veio: defendeu uma bola impossível aos 42 do segundo tempo — um milagre tardio, mas que arrancou aplausos e deu a Jair Ventura um fiapo de esperança.

🎙️ “Temos que passar confiança pra ele”, disse o técnico, com aquela voz de quem sabe que o próximo ato será uma prova de fogo.

Mas o teatro rubro-negro não se faz apenas de heróis novos. Arcanjo, o velho guardião da Fábrica de Talentos, vive o drama dos que amam demais o próprio ofício. Flertou com o Fluminense, quase partiu, ficou. E agora vê o destino brincar com suas certezas.

🔥 Foi um ano de extremos: defesas milagrosas contra Botafogo e Atlético-MG, mas também falhas que ecoaram como sinos fúnebres na Copa do Nordeste e na Sul-Americana. O goleiro que já beijou a glória também provou o fel da vaia. E é por isso mesmo que o torcedor o perdoa: porque o herói, para o Vitória, nunca é só luz — é também sombra.

🏟️ Mesmo entre altos e baixos, Arcanjo ultrapassou 200 jogos com a camisa rubro-negra e tornou-se o segundo goleiro que mais vestiu o manto na história do clube. Um feito que o imortaliza, ainda que o corpo ceda, ainda que o joelho peça arrego.

No fim, o que resta é a imagem: Arcanjo deixando o gramado, o sol queimando o rosto, e a torcida, de pé, aplaudindo — não o goleiro que caiu, mas o homem que ficou de pé dentro da própria dor.

📅 Cruzeiro x Vitória

🕓 Sábado, 1º de novembro — 16h (Brasília)

🏟️ Mineirão, Belo Horizonte

E como diria o poeta louco, se o futebol é a pátria em chuteiras, o Barradão é o palco da mais pura tragédia nacional. Porque, em cada lesão, há uma alma que sangra. E Lucas Arcanjo, com seu joelho ferido, provou: o herói do Vitória não morre — apenas se ajoelha diante do destino.