Jair Ventura critica falta de eficiência do Vitória, mas mostra otimismo contra o Z-4

Após derrota para o Cruzeiro, técnico fala de desfalques, elogia a alma rubro-negra e jura que o time está “vivíssimo”

Salvador, 02 de novembro de 2025 — O Vitória perdeu por 3 a 1 para o Cruzeiro no Mineirão, e cada gol foi um tapa de realidade. Mas no peito de Jair Ventura ainda pulsa algo irracional — a crença no impossível. O treinador, entre o desalento e a fé, garantiu: o Leão ainda está vivíssimo.

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O futebol é uma novela escrita por deuses vingativos.

O Cruzeiro, altivo e impiedoso, marcou duas vezes com Kaio Jorge antes que o relógio perdesse o fôlego. O Vitória reagiu com Willian Oliveira, um lampejo de bravura em meio ao naufrágio. Mas logo Arroyo, como um vilão disciplinado, selou o destino da tarde.

E assim o Leão, ferido, desceu o túnel como quem caminha para o próprio velório.

🎙️ COLETIVA DE IMPRENSA

Na coletiva, Jair Ventura parecia um homem que fala com a alma em carne viva.

“A gente faz um jogo melhor do que contra o Santos, mas sai derrotado. Sem banco, com jogador estreando na 31ª rodada. Eles têm o Gabigol. Nós temos o Kike. Difícil competir assim.”

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COLETIVA DE IMPRENSA | 01.11.2025

CRUZEIRO 3 X 1 VITÓRIA

O poeta louco diria que o futebol não é um esporte, é uma dor organizada. E Jair encarna essa dor como um apóstolo da teimosia: ele acredita na redenção mesmo quando o inferno já o chama pelo nome.

“Com o empate do Santos, estamos vivíssimos. Nossa torcida sabe da importância no Barradão. Eu vejo o time crescendo. Falta o gol, falta frieza, mas estamos vivos.”

Há algo de poético — e quase patológico — nessa fé em ruínas.

🩹 UM TIME DE REMENDOS E DE ALMA

O Vitória jogou despedaçado. Dez desfalques, cinco titulares fora, laterais machucados, e o técnico inventando soluções como quem costura o impossível com linha curta.

“Se eu tivesse o Cáceres ou o Claudinho, não seria o professor Pardal. A gente tem que se reinventar.”

E reinventou. Colocou Erick na ala, remendou o meio, empurrou o time com vontade.

Mas vontade não vence tabela, e a Série A não tem piedade de quem joga apenas com a alma.

“O Thiago [Couto] falhou, mas a culpa é de todos. Perdemos juntos, venceremos juntos.”

Há ternura nesse tipo de loucura. Jair é o técnico que abraça o goleiro que erra, o elenco que manca e o destino que o empurra para o abismo.

🔥 A EFICIÊNCIA QUE NÃO VEM

O Vitória cria, insiste, mas não mata. E o futebol, cruel como uma amante antiga, não perdoa quem hesita.

“Está faltando efetividade. Tivemos chances claras, mas falta frieza. O Kaio Jorge não perdoa. Nós, sim.”

Entre um passe e outro, o Leão esbarra no próprio nervosismo. Contra o Corinthians, brilhou e perdeu. Contra o Cruzeiro, lutou e caiu. Um roteiro tão previsível que beira o pecado da repetição.

🧠 ENTRE A RAZÃO E A FÉ

A matemática diz que o Vitória está no Z-4.

Mas o coração — esse herege — insiste que há salvação.

Jair Ventura já viu de perto o inferno do rebaixamento, e talvez por isso sorria com os olhos cansados quando fala em milagre.

“Estamos vivos. Crescendo. Jogando bem. É o que me faz acreditar.”

E quem somos nós para rir da fé de um homem que teima em sonhar?

🔴⚫ O JOGO QUE NÃO ACABA

Cruzeiro 3, Vitória 1.

O placar é uma lápide, mas o espírito rubro-negro ainda respira.

No futebol, como na vida, os mortos às vezes se levantam.

E se há algo que o poeta louco ensinou, é que o milagre não acontece para os santos — ele acontece para os desesperados.