Vitória quebra o tabu e renasce na Vila Belmiro: Jair Ventura faz da loucura a sua fé

“Se olhar a tabela é loucura”, disse o treinador após o triunfo histórico; o Leão vence o Santos pela primeira vez fora de casa e reacende a chama da sobrevivência

Salvador, 21 de outubro de 2025 — Na segunda-feira, sob o teto baixo da Vila Belmiro, o Vitória encenou o milagre que sua torcida esperava há décadas: venceu o Santos por 1 a 0, com um gol de Matheuzinho que pareceu sair das entranhas da fé. Foi a primeira vitória rubro-negra naquele templo hostil. O tabu, enfim, foi quebrado — e o grito de libertação ecoou do gramado até o inferno da tabela.

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🔴⚫ A Vitória que tem cheiro de eternidade

“Se olhar a tabela é loucura”, disse Jair Ventura, com o olhar de quem carrega uma cruz e um time nas costas. O treinador, exausto e aliviado, falava como um homem que acabara de desafiar a lógica e o destino.

“Fico feliz por esse grupo ter feito história. Primeira vitória do Vitória aqui. Um grupo sério, que trabalha. Marcamos o nome na história.”

Foi mais que uma vitória. Foi um exorcismo. O Leão, que não rugia longe do Barradão, descobriu em Santos o som rouco de sua redenção.

⚙️ Heróis de carne, suor e febre

Jair Ventura comandou a vitória em meio a um rosário de desfalques.

Camutanga, Dudu, Erick e Kayzer estavam suspensos; Claudinho e Rúben Ismael, lesionados. Edu sentiu dores no aquecimento. Neris teve virose e ficou isolado. Baralhas jogou até o limite da carne.

E ainda assim, ninguém desistiu.

“Vale exaltar a força do nosso elenco. Edu sentiu e jogou. Neris estava com virose e pediu pra entrar. Baralhas foi no limite. Esse grupo é de guerreiros.”

Cada passe parecia uma reza. Cada dividida, um ato de penitência. E o gol de Matheuzinho, o sopro divino de uma torcida que aprendeu a sofrer como se amar fosse um castigo.

📈 O caminho da loucura

Foi a terceira vitória em cinco jogos sob o comando de Jair Ventura — o melhor aproveitamento entre os técnicos que passaram pelo clube nesta Série A.

Com a vitória, o Vitória chegou a 31 pontos, empatando com o Santos (16º), mas permanecendo na 17ª posição por uma vitória a mais do peixe.

“Não olho pra tabela”, insistiu o técnico. “Se olhar, é loucura. Já é difícil dormir. A gente tem que sair da zona. Quem vai entrar, eu não sei. Agora é pensar no Corinthians.”

💬 O drama tático e a alma do jogo

O Vitória foi cirúrgico. Marcou o gol e defendeu-se com o desespero de quem teme o destino. “No segundo tempo o Santos veio pra cima, nos deu mais dificuldade. Mas fomos resilientes, marcamos bem, soubemos neutralizar. Estamos sofrendo menos”, disse o treinador.

Sobre a tática, Jair foi direto como uma navalha:

“Jogamos com três zagueiros pra liberar Cáceres, Ramon, Baralhas e Ronald. Ronald não é exímio marcador, mas dá movimento. Evoluímos taticamente. Mesmo nas derrotas, fizemos bons jogos. Estamos no caminho certo.”

O goleiro Lucas Arcanjo, quase um mártir silencioso, defendeu tudo sem precisar brilhar — o que, no futebol, é a forma mais discreta da grandeza.

🗣️ Frases de uma noite inesquecível

“Eu aceitei o desafio. Diziam que era impossível. Hoje estamos vivos.”

“O futebol é cruel com quem dorme. E a gente não dorme.”

“O Vitória merece a permanência. Esse clube é maior que o desespero.”

O poeta louco diria que o Vitória viveu uma “vitória moral, carnal e divina”.

A Vila Belmiro, outrora carrasco, foi palco de um milagre de sangue e suor. O Leão, que rastejava no Z-4, agora fareja o ar da sobrevivência — e o faz com o mesmo arrebatamento de um pecador que se confessa e, mesmo sem perdão, volta a crer.

No sábado, o Barradão será o confessionário. O Corinthians, o novo inquisidor.

Mas se há uma certeza nesta Série A, é que o Vitória, sob Jair Ventura, já não teme o impossível. ❤️🖤