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O crepúsculo de um camisa 10: Matheuzinho vive seu drama no Vitória

Há seis meses sem participar de gols, o maestro do Vitória enfrenta o seu próprio calvário no banco de reservas

Matheuzinho e sua família

Salvador, 10 de outubro de 2025 — Há no futebol uma solidão que nem os aplausos curam. É a solidão do craque que perde o toque, o ritmo, o aplauso. E é essa a história de Matheuzinho, o camisa 10 do Vitória, que há seis meses não participa de um gol e agora assiste aos jogos da lateral do campo, como quem observa o próprio desaparecimento em câmera lenta.
Foram 101 partidas seguidas com o nome na súmula, desde agosto de 2023. Cem vezes em campo, uma eternidade de passes, dribles e gols. Mas no último domingo, contra o Vasco, o meia viu o jogo todo da beira do gramado — o herói virou espectador.

O técnico Jair Ventura reorganizou o time após a expulsão de Lucas Halter. Precisava reagir, precisava arriscar — e escolheu Osvaldo e Romarinho. Deixou Matheuzinho sentado, imóvel, à espera de um apito que nunca veio.

O futebol é cruel como um espelho: um dia ele reflete o gênio; no outro, o esquecimento.

🎭 O fim de um ato brilhante

Em 2024, Matheuzinho era o coração do Vitória. Seis gols, dez assistências, e uma orquestra rubro-negra que tocava ao seu comando. Ele não corria: fazia o tempo correr em torno de si. Hoje, corre atrás do tempo.

Na Série A de 2025, restaram duas participações diretas em gol — e a última foi no longínquo 16 de abril, contra o Fortaleza. Desde então, o relógio virou seu maior adversário. No Ba-Vi do dia 16, completará seis meses sem participar de um único gol. Um jejum que dói mais na alma do que nas estatísticas.

⚕️ Lesões, dores e o corpo como inimigo

O drama não começou no banco, mas no corpo. Lesões no tornozelo, desconfortos musculares, uma fascite plantar cruel, 37 dias de tratamento e um retorno apressado — jogou até machucado numa final de Campeonato Baiano.

Em campo, ainda brilhava em lampejos. Mas cada toque vinha com dor. E o futebol, esse deus impiedoso, não perdoa quem joga mancando.

Mesmo assim, Matheuzinho sobreviveu a três técnicos — Thiago Carpini, Fábio Carille e Rodrigo Chagas — e manteve a fé do torcedor. Em julho, o clube lhe entregou a camisa 10 após a saída de Wellington Rato. Era o símbolo da esperança. Hoje, é o peso da lembrança.

🧠 O olhar frio de Jair Ventura

Com a chegada de Jair Ventura, o romance virou relatório técnico. O novo comandante foi categórico na coletiva após a vitória  sobre o Ceará:

“Aqui ninguém tem vaga garantida. Nem o dez, nem o sete, nem o nove.”

Era o epitáfio do prestígio. O treinador elogiou o grupo, destacou a igualdade, mas cada palavra soava como sentença. Sob seu comando, Matheuzinho foi reserva em três jogos e atuou apenas 54 minutos de 180 possíveis — menos de um terço do tempo.

O craque que já ditou o ritmo do Barradão agora espera sua deixa como um coadjuvante que esqueceu o texto.

🕰️ Tempo e redenção

A Data Fifa surge como respiro. Dez dias sem jogos, dez dias de preparação. Dez dias para um homem e um jogador buscarem o mesmo objetivo: reencontrar-se.

O destino, porém, é caprichoso. O próximo confronto é o BA-VI, o clássico que não perdoa meio-termo. Ali, cada passe pesa, cada erro é lembrado, cada herói pode renascer — ou cair de vez.

O Barradão o espera, como uma arena de tragédia. E Matheuzinho, o maestro adormecido, tem diante de si o ato final de um enredo que o poeta louco escreveria com lágrimas e ironia:

“O futebol é o ópio e o palco dos homens. E, às vezes, o homem perde o dom — só para, mais tarde, lembrar que ainda sabe sonhar.”





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